O empresário Maurício Camisotti, que está no centro de uma investigação sobre fraude do INSS, tentou fazer a conversão de R$ 59 milhões em criptomoedas no BTG Pactual, apenas duas semanas após a operação da Polícia Federal que desvendou o esquema, em abril deste ano. O banco, por sua vez, identificou a movimentação como suspeita e alertou as autoridades.
A investigação, chamada Operação Sem Desconto, está analisando um esquema nacional de descontos em aposentadorias e pensões que não estavam autorizados. No dia 8 de maio de 2025, Camisotti contatou o BTG, localizado no Rio de Janeiro, e manifestou interesse em transferir 40% de seus investimentos para criptomoedas, totalizando cerca de R$ 148 milhões. Como ele nunca havia demonstrado interesse nesse tipo de investimento antes, o banco decidiu bloquear as operações e comunicou o caso ao Coaf e à CPMI do INSS.
Movimentações Suspeitas Associadas a Advogado
Além de querer investir em criptomoedas, Camisotti também revelou ao banco que pretendia receber repasses mensais do advogado Nelson Willians, que também está sob investigação. Ele alegou que seriam pagamentos pela venda de um imóvel nos Estados Unidos, mas não apresentou a documentação necessária para confirmar a transação.
Apesar da recusa do BTG, o empresário continuou insistindo para realizar a conversão. Ele pediu informações sobre stablecoins e até sugeriu a abertura de contas em nome de outras pessoas, propostas que foram igualmente recusadas. O relatório que foi enviado ao Coaf considerou essas movimentações como possíveis indícios de evasão de divisas, além de tentativas de ocultar a origem e o destino do dinheiro.
Esse não foi um caso isolado para Camisotti. Ele já havia tido outros pedidos negados pelo banco, incluindo solicitações de financiamento e crédito em valores altos, que foram recusadas por falta de clareza na documentação apresentada.
